Vou começar esse texto lhe explicando de onde vem a ansiedade, porque a sentimos e qual a importância dela na nossa vida. Após, vou te mostrar como dois comportamentos que você tem podem estar ativando e alimentando sua ansiedade, lhe trazendo sérios prejuízos e ainda como melhorá-los.
Em primeiro lugar, é importante que você entenda que a ansiedade não é uma vilã. Ela é uma emoção natural e importante que está presente na nossa vida desde o começo da nossa vida. A ansiedade é parte da nossa herança biológica. Ela nasceu diante dos perigos que ameaçavam a vida dos nossos ancestrais (predadores, fome, doenças). Foi a partir desses perigos que nossa evolução desenvolveu algumas qualidades necessárias a fim de evitá-los, dentre elas, as diferentes formas de precaução e medo. Neste sentido, o medo tinha a função de nos proteger e por isso eram adaptativos, funcionando como instinto de sobrevivência.
O problema é que não vivemos mais naquele mundo primitivo e os medos que trouxemos dele não são mais adaptativos, pois os desafios que encontramos no nosso cotidiano hoje diferem dos encontrados pelos nossos ancestrais.
No entanto, nosso cérebro continua a funcionar pelos nossos instintos primitivos de sobrevivência e vivemos agindo de acordo com uma série de “regras” ultrapassadas a fim de nos proteger de riscos que não fazem mais sentido atualmente.
Nosso ambiente hoje é mais seguro e alguns dos nossos medos são então, desnecessários. As regras que nos protegiam na vida selvagem não fazem mais sentido no nosso trabalho e na nossa casa.
Esses instintos primitivos não funcionam mais nos dias de hoje, não são mais adaptativos, se tornaram crenças irracionais que afetam drasticamente e comandam nossos pensamentos e nossos comportamentos.
A ANSIEDADE FUNCIONA COMO UM ALARME
Em segundo lugar, para que você aprenda a lidar melhor com essa emoção, primeiro você vai precisar compreender como a ansiedade funciona. Para isso, imaginemos nosso corpo como uma casa. Assim, como qualquer casa ele tem suas fragilidades e está sujeito a vários tipos de ameaça. Uma forma que encontramos para proteger nossa casa dos perigos foi o sistema de alarme. O alarme tem o objetivo de nos informar através de uma sinalização que há algum perigo e que precisamos ter uma ação frente a isso.
Da mesma forma funciona a ansiedade em nosso organismo. Sua função é nos alertar para um possível perigo e fazer com que tenhamos alguma atitude frente aquilo. Tal como qualquer sistema de alarme, quando ativada, é emitido uma sirene que toca, no nosso caso: batimentos cardíacos acelerados, tensão muscular, respirações rápidas, náuseas, sufocamento, dificuldade para respirar, calafrios, tremores, entre outras sensações físicas que começam a avisar que algo de errado irá acontecer.
O problema é que no caso da ansiedade, o que nos avisa desse perigo é nosso próprio pensamento, ou seja, a nossa avaliação da situação é um dos elementos que dispara o “alarme”. Isso porque, nosso cérebro é um simulador da realidade. Ele simplesmente executa nossos pensamentos sem julgar a qualidade daquela informação.
O perigo
E aí que está o perigo, pois se a informação for um pensamento do tipo: “SERÁ que vai dar errado?” nosso cérebro executa essa informação com o sistema que cuida disso, dos possíveis perigos, que é a ansiedade. É como se o alarme disparasse em falso. Sendo assim, o maior problema da ansiedade é como ela está sendo ativada. Qual a intensidade e a frequência que ela esta sendo ativada? Será que ela está disparando de forma útil e corretamente com o contexto? Ou será que ela está disparando em falso?
Diante disso, o que você precisa fazer é parar e observar. Identifique sua ansiedade. Observe o porquê sua ansiedade foi ativada, avalie a sua interpretação e perceba quando é o momento de agir ou de aceitar. O sistema de alarme não muda e a ansiedade não vai desaparecer, a grande questão é o que fazemos a seguir, qual atitude tomamos. E é sobre isso que falaremos nos tópicos a seguir.
NÃO TENTE CONTROLAR SUA ANSIEDADE
Aqui está um comportamento típico que executamos ao experimentarmos a ansiedade, o controle. Funciona assim: ao nos sentirmos ansiosos, nossa mente nos envia uma mensagem dizendo que nada é seguro. As regras que acompanham essa mensagem dizem que há algo fundamental que devemos fazer, ou não fazer para ficarmos seguros. Porém, nem sempre essas mensagens são verdadeiras, na maioria das vezes são distorcidas. Pois, como já comentamos anteriormente o que nos avisa desse perigo é nosso próprio pensamento, ou seja, a interpretação que fazemos da realidade e não exatamente a realidade em si.
O problema é que muitas vezes sua mente produz um alarme falso, vinculando equivocadamente a situações que não são perigosas. A boa notícia é que é possível nos libertarmos da ansiedade que limita a nossa vida e causa inúmeros prejuízos. E uma das formas de se fazer isso é questionando essas mensagens e colocando essas regras à prova. Assim, a partir de novas experiências positivas acerca dos nossos medos, nosso cérebro aprenderá a ser mais racional e menos instintivo.
Voltando ao controle, o que acontece é que as pessoas que sofrem de ansiedade com frequência utilizam a tentativa de controlar todas as situações, pois acreditam que sua segurança depende de sua capacidade de controlar todos os fatores de seu ambiente. Porém, esta é uma percepção distorcida, uma vez que é impossível controlar todas as coisas.
Dica
O maior problema é que a própria percepção disso faz com que você sinta ainda mais ansiedade. Funciona assim: você tenta a todo o momento controlar sua ansiedade controlando as coisas que estão a sua volta.
Você tem medo que as coisas saiam do seu controle e por isso, está sempre buscando uma maneira de assumir o controle. Você se percebe ansioso e então você tenta lutar contra seus pensamentos, sentimentos e sensações como se tentasse escapar de você mesmo. Mas, ironicamente, quanto mais você tenta controlar sua ansiedade, pior ela fica. Isso porque, tentar controlar é algo que não funciona e então você sempre perde.
Portanto, se você sofre de ansiedade e quer melhorar isso, essa dica é para você: LIVRE-SE DA NECESSIDADE DE CONTROLAR. Ao invés de tentar controlar seus pensamentos, sentimentos e sensações, quero lhe propor que apenas os OBSERVE e os ACEITE. Observe as sensações que acontecem no seu corpo, observe tudo que estiver fora de você. Como é o ambiente que você está? Que coisas você vê? Desvie sua atenção das coisas que você está tentando controlar. Deixe que os pensamentos fluam em você sem tentar lutar ou julgar. Deixe acontecer. Todo pensamento, sentimento ou sensação flui e desaparece. Respire fundo, relaxe seus músculos. Aceite sua ansiedade e a deixe passar.
ENFRENTE SEUS MEDOS
Vimos no parágrafo anterior que um dos comportamentos que as pessoas que sofrem de ansiedade frequentemente executam é tentar controlar as situações. Porém, quando o controle total não é possível elas buscam uma maneira de evitar a ansiedade evitando as situações. Isso porque elas pensam que os riscos podem ser eliminados se recusarem enfrentá-los. E esse comportamento de evitação parece tão eficaz num primeiro momento, pois traz um alívio imediato, porém não resolve seu problema, pelo contrário, quando você percebe está evitando toda e qualquer situação, por mais simples que seja. Isso porque, uma consequência disso é a paralisia.
Temos medo de andar de avião, por isso, nunca fazemos aquela viagem dos sonhos ou visitamos aqueles parentes distantes. Acreditamos que não somos capazes de lidar com o desconforto e, portanto, nos cercamos de inúmeras limitações e nos tornamos imóveis.
Uma manifestação comum da paralisia é a indecisão. Não agimos até que tenhamos certeza absoluta. O medo de tomar a decisão “errada” nos impede de tomar qualquer decisão.
Esse comportamento de evitar te leva à procrastinação. Nossos pensamentos dizem que não devemos fazer nada até que saibamos que é 100% seguro e não tenhamos medo. Adiamos as situações a qual nos sentimos ansiosos como trabalhar em algo que não temos certeza se daremos conta, ir ao psicólogo, etc. Porém, quando obedecemos ao nosso instinto de não enfrentar situações de “perigo” deixamos de aprender uma importante lição, que é a de que nós de fato temos a capacidade de aprender a lidar com as dificuldades.
Avalie os riscos
Portanto, para mudar isso, quero lhe propronho o seguinte: Ao invés de evitar, enfrente os seus medos.
ATENÇÃO! Não estou falando para se tornar imprudente ou correr riscos desnecessários.
Estou apenas sugerindo que se questione quanto aos seus medos e PENSE NAS PROBABILIDADES. Refiro-me aqui aos medos pequenos e muitas vezes insignificantes, mas que, aprisionam milhares de pessoas.
Para isso, se pergunte: O que a maioria das pessoas pensa ou faz? Quais são as probabilidades de as coisas correrem bem?
Se as probabilidades são de milhões para um de que o avião não caia, confie nelas.
Para concluir, aprenda a fazer as coisas mesmo quando elas provoquem ansiedade, faça mesmo com medo. Só assim seu cérebro poderá aprender como lidar com situações que provocam ansiedade. Pare de fugir do desconforto. Não espere se sentir pronto. Aceite os riscos razoáveis. Para aprender a nadar é preciso entrar na água e se molhar.
Mas, se estiver muito difícil, saiba que você não precisa enfrentar tudo isso sozinha, entre em contato comigo, quero lhe ajudar.
Um beijo.