Muito se escuta falar por aí, sobre a importância da autoestima e o quanto uma autoestima baixa pode prejudicar tanto a si próprio quanto as suas relações interpessoais.

Mas, o que quase ninguém conta é que na verdade a autoestima não se refere a um conceito técnico dentro da psicologia. Sim, isso mesmo, autoestima se refere a um conceito do senso comum, que ficou popularmente conhecido e acabou sendo bastante disseminado na população em geral. E é por isso, que tudo que você pesquisa sobre autoestima acaba repetindo sempre mais do mesmo, com aquela velha história que é preciso se amar.

Autoestima para a psicologia

Dentro da psicologia o que é chamado de autoestima no senso comum pode ser traduzido a um conjunto de conceitos psicológicos, ou seja, há vários fatores que interferem na autoestima e meu intuito aqui é justamente trazer alguns desses conceitos para você ter um entendimento mais profundo sobre esse assunto e quem sabe conseguir de uma vez por todas, melhorar sua autoestima.

 

Na psicologia, a autoestima se refere às crenças que desenvolvemos sobre nós mesmos. Ou seja, a visão que temos de nós. E essa visão impacta diretamente em todas as áreas da nossa vida, pois as crenças que desenvolvemos funcionam como um guia para todas as nossas vivencias internas e externas. Elas funcionam como a lente dos nossos óculos, nos fazendo enxergar o mundo através dessa perspectiva.

 

E só fazendo um parêntese aqui para que você não fique totalmente perdido, as crenças são ideias, regras, pressupostos que todos nós desenvolvemos desde a nossa infância através das experiências vivenciadas ao longo da vida. São elas que nos fazem pensar, sentir e agir mediante as situações e é possível termos crenças sobre o futuro, sobre as outras pessoas e sobre nós mesmos, sendo que a autoestima estaria dentro desse último conjunto de crenças. O grande problema é que nem sempre essas crenças que construímos e o que aprendemos são funcionais. Mas, a boa notícia é que possível reestruturá-las e até mesmo construir novas.

 

Como eu disse, por não ser um termo técnico, não existe um único entendimento para a autoestima. Existem vários entendimentos, vai depender de como cada teórico a classifica. No entanto, existe um Psicólogo, chamado Walter Riso que, para facilitar o nosso entendimento sobre autoestima, dividiu e conceituou-a em quatro pilares, são eles:

AutoConceito

Diz respeito a visão que você tem sobre si mesmo, como você se vê, geralmente se apresenta na forma de EU SOU alguma coisa. Exemplos: Eu sou interessante, eu sou competente, eu sou insegura, eu sou incapaz.

Aqui se concentra exatamente aquelas crenças que você tem sobre si. O que você pensa sobre você, como você se define e se conceitua.

Autoimagem

Diz respeito à concepção que você possui da sua imagem, é como você se vê e se percebe. É a opinião que você possui sobre a sua aparência física ou ainda da sua apresentação.

Importante lembrar que a concepção que possuímos de nós mesmos é uma concepção subjetiva, ou seja, não é necessariamente a imagem objetiva que enxergamos no espelho, geralmente essa imagem é acrescida de afetos e/ou julgamentos e isso interfere na nossa percepção. Sem contar que nós aprendemos e internalizamos certo conceito ou padrão de beleza e isso também pode acabar interferindo na percepção da nossa imagem.

AUTOREFORÇO

Diz respeito ao quanto você se reforça, se valida, se gratifica e se premia. O reforço tem sempre um papel muito importante em qualquer situação, pois a partir dele é possível aumentar a probabilidade de determinado comportamento se consolidar e/ou repetir. Por exemplo, se eu te disse que você fica linda quando veste a cor azul, isso provavelmente aumentará as chances de você usar mais azul. Aqui entra também aquela ideia de que quando amamos alguém procuramos sempre demonstrar isso de alguma forma. Ou seja, o amor existe e se mantém através de ações. O autoreforço nada mais é que as ações, atitudes que você dirige a você mesmo levando em conta essa demonstração de amor, carinho e afeto a si próprio.

AUTOEFICÁCIA

Diz respeito o quanto de confiança você tem em você mesmo, o quanto se sente capaz e competente com as coisas. Se você não acredita em si mesmo você acaba caindo em um ciclo de não ter ou evitar desafios e problemas e desiste antes mesmo dos primeiros obstáculos e isso reforça ainda mais sua baixa autoeficácia, pois desta forma, não há resultados e sem resultados não é possível melhorar seu senso de competência. E quer saber por que temos uma necessidade de nos sentirmos úteis e competentes? Porque é isso que gera autonomia, e é isso que nós seres humanos tanto almejamos enquanto adultos. Portanto, não se sentir capaz, útil, confiante e competente tem o poder de destruir drasticamente a sua autoestima.

TRÊS PASSOS PARA MELHORAR a autoestima

O primeiro passo consiste em descobrir como todos esses conceitos se apresentam em você. Ninguém modifica o que não conhece. Comece a se observar e se questionar a respeito desses conceitos. Se pergunte: Como eu me vejo? Como eu me conceituo? O que eu acho sobre mim? O quanto eu me reforço? Sou muito crítico comigo mesmo? Perfeccionista? Tenho a tendência de não me validar, de distorcer as coisas, olhar somente para os aspectos positivos? O quanto eu acredito na minha capacidade de enfrentar desafios e resolver problemas? Me sinto útil e competente?

O segundo passo consiste em você começar a desempenhar um esforço dirigido para melhorar esses conceitos através da flexibilização dessas crenças, ou seja, tente não ser 8 ou 80, encontre meios-termos e vai flexibilizando essa visão totalmente negativa sobre si mesmo.

Procure não ser tão perfeccionista, não se rotular e não se criticar tanto. Encontre pontos positivos e qualidades em você. Reveja suas metas e as possibilidades reais de atingi-las. Aprenda a perder e seja mais realista. Se tiver algo em você que lhe incomoda analise se é possível modificar. Se for possível mude, se não for aceite e entenda que esse é apenas um dos pilares. Foque nos outros.

Lembre-se que a beleza até pode ser decisiva num primeiro momento, mas se a pessoa for arrogante, desagradável, a beleza não se sustenta. O importante é o conjunto. Então, se conecte com seus valores. Desenvolva ações para se validar, se reconheça, se elogie, se presenteie, se agrade, de forma simples, tire um tempo para você.

E por fim, se arrisque mais, elimine o “não sou capaz” ou o “não consigo”, lembre-se que para saber isso primeiro você precisa tentar. Não significa acreditar que consigo tudo, todos nós temos limitações. É preciso avaliar conscientemente e se colocar a prova para aquilo que você tem uma mínima capacidade para tal, apesar do medo. Pare de ser pessimista e não seja fatalista. Reconheça as coisas que você é bom e tente desenvolver as coisas que você queira melhorar, treine e se dedique a elas.

O terceiro passo consiste em buscar um psicólogo e realizar psicoterapia. Nem sempre conseguimos fazer tudo sozinhos, isso não significa que o seu problema não tem solução, significa apenas que talvez você não dispõe das ferramentas necessárias para isso. Sempre há uma forma de melhorar, não desista de você!

Caso queira aprofundar nesse assunto, leia o livro do Walter Riso, “Apaixone-se por si mesmo”.

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